Objetivos

No sentido de incentivar abordagens mais holísticas no estudo dos sistemas costeiros, a Rede BRASPOR tem entre os objetivos específicos a perseguir pelo conjunto de pesquisadores que a constituem, os seguintes:

Ampliar o conhecimento global dos sistemas costeiros através do desenvolvimento (ipso facto) da interdisciplinaridade, nomeadamente a que envolve disciplinas das Ciências Exatas e Naturais e das Ciências Humanas e Sociais.

Promover a integração disciplinar, metodológica e de dados, por forma a que a re-interpretação conjunta efetuada por pesquisadores com formações e práticas diferenciadas propicie a criação de novas informações conducentes a um conhecimento mais holístico dos sistemas costeiros.

Corrigir determinadas assimetrias do conhecimento, quer através da inclusão de novos pesquisadores com formações complementares em ações de pesquisa em curso, quer por meio da disponibilização de conjuntos de dados ou de equipamentos aos que deles carecem (pressupondo-se sempre o respeito pelas normas éticas intrínsecas à Ciência).

Através das ações colaborativas acima aludidas, prosseguir numa via conducente a uma avaliação mais ampla e integrada dos riscos existentes nas zonas costeiras (nomeadamente riscos físicos, sociais, ecológicos, econômicos, geológicos, culturais, oceanográficos, de saúde pública e químicos).

De certa forma inerente às atividades de pesquisa científica está a produção de conteúdos didáticos, quer para o ensino (a todos os níveis), quer para o público em geral, pelo que é desejável que as colaborações estabelecidas através da Rede BRASPOR contemplem também de forma significativa estes aspetos.

Tendo em consideração as características da comunidade científica global, a Rede BRASPOR institui-se, também, através das interações entre pesquisadores integrados, como forte incentivadora de pesquisa internacionalizada e competitiva.

De forma genérica, através dos objetivos específicos elencados, a Rede BRASPOR pretende criar sinergias intrínsecas à colaboração entre cientistas com formações diversificadas e dedicados ao estudo de sistemas costeiros diferenciados e contrastantes que permitam compreender melhor estes ecossistemas, principalmente no que concerne às interações entre o Homem e o Meio. Neste contexto, tem especial relevância determinar:

• os serviços ambientais e enquadramentos geopolíticos que suscitaram os diferentes processos de ocupação dos sistemas costeiros e a forma como se processaram;

• de que forma a exploração antrópica dos recursos ecossistêmicos conduziu a modificações / alterações das características básicas desses sistemas naturais (por vezes ultrapassando os respectivos níveis de resiliência);

• quais os factores e processos ambientais que moldaram os diferentes matizes da actual evolução costeira, troços estes nos quais se localizam ecossistemas altamente produtivos e muito vulneráveis aos impactos antrópicos;

• como é que tais alterações se refletiram no aproveitamento dos recursos naturais (ampliando-os, reduzindo-os ou esgotando-os) e como e porquê determinados recursos que não eram valorizados se tornaram objeto de intensa exploração e vice-versa;

• a capacidade de sobrevivência não apenas de espécies mas também de processos e ciclos que envolvem toda a Biosfera, ou seja toda a ‘capacidade de suporte da vida na Terra’ e promover o respeito pela conservação e proteção do litoral;

• como é que as atividades antrópicas contribuíram para a atenuação ou ampliação de determinados riscos naturais (riscos antropicamente magnificados) e como é que essas atividades conduziram à emergência de novos riscos intrínsecos ao Homem (riscos antrópicos); neste contexto, afigura-se também de grande relevância perceber as percepções que as populações e a sociedade em geral têm dos diferentes riscos e a forma como tais percepções foram evoluindo;

Para atingir tais desideratos afigura-se essencial o estabelecimento e intensificação de ações colaborativas entre cientistas das Ciências Exatas e Naturais e das Ciências Humanas e Sociais.